segunda-feira, 28 de novembro de 2011

platônica conquista




platônica conquista

me diz quantas letras tem o seu nome
me diz como faço para cantá-las
pra que saiam de um apartamento
para te encontrar numa rua pequena
entre o céu do Leblon e a areia de Ipanema

me diz com quantas fantasias faço seu baile
me diz em que compasso apresentá-las
pra que eu dance no ritmo certo
e gire na velocidade de seu impulso
de frente e de bruços

me diz com quantos elementos atinjo sua alquimia
me diz como consigo manipulá-la
pra poder sintonizá-la ao meu perfume
e te levar pra mais do que uma ida ao meu apartamento
pra experimentar química com sentimento

ou, então, continue não me dizendo nada
para fantasiar a cada dia uma lista
dessa minha platônica conquista

segunda-feira, 20 de junho de 2011

o significado de persistir



Nesta altura do campeonato acho que são poucos, ou quase zero, os leitores que ainda visitam este blog. O blog virou praticamente um diário exclusivo de minha própria escrita. Serve de catálogo para consultar a quantas andou meu pensamento ao longo do último ano.


Enfim, mais uma manhã de trabalho se passou e, como de costume, a pausa do meu pós-almoço em um dos meus locais bucólicos favoritos do Centro, o jardim externo da Bibliotaca Nacional. E, atualmente, o meu templo de reflexão e relaxamento. Faz bem e eu recomendo fortemente.

E sentada ali fiquei pensando no significado de persistir. Aliás, um verbo que vem ocupando bastante meu pensamento e muitas de minhas atitudes em relação à vida. Mas o que de fato significa essa tal persistência? Apesar de muito parecida, diferencia-se de insistir. Porque a gente insiste em pedir ou dizer alguma coisa. Mas quem persevera está buscando alguma constância de comportamento, de objetivo... Quem persiste quer perdurar, porque acredita que um dia esta conduta o levará a uma Pasárgada emocional, profissional ou seja lá o que for.

Mas quem persiste trava uma luta interna todos os dias, porque é preciso manter as idéias e perseverar naquilo em que se acredita. Logo, pensando em todos os persistentes deste planeta terra, resolvi ampliar o significado do mesmo, levando em consideração todos os percalços e alegrias que automaticamente herdamos por ter tal comportamento ousado e arriscado.

Ser perseverante é acordar de manhã cedo todos os dias, olhar pro seu reflexo na frente do espelho e repetir (uma frase que não é minha) "eu tenho as rédeas da minha vida". Perseverar é ter em seu currículo da vida uma multiplicidade de diferentes pequenos fracassos, mas acreditar que todos eles fizeram você acumular experiência pra chegar àquele sonhado topo da montanha, onde você espiritualizado e sábio dirá "todas as minhas ações e minhas escolhas me fizeram chegar aqui". Perseverar é investir em você e nos seus sonhos, mesmo que toda a conjuntura econômica e social te mostrem cruamente que o espaço de realização é pequeno e concorrido, mas que você só precisa de uma chance, de 2%, de uma vaga, que muitas vezes ninguém te dá, mas você persevera...

Nossa, mas que verbo lindo!!! Na parte da minha psyche reservada aos sonhos e idealizações mais delirantes, persistir é pensar que um dia algo em que você lutou muito pra conseguir vai se realizar, e que depois disso você vai sair correndo pelas ruas cantarolando "We are the champions", do Queen, e que as pessoas vão sorrir pra você pelo caminho solidárias à sua pequena-grande conquista pessoal.

Perseverar é querer sair de onde se está, é acreditar num futuro melhor, é ter no seu íntimo uma positividade de que algo está por vir. E no "enquanto não vem", continuamos acreditando, nos movimentando, indo em frente... Algumas vezes arrumando pequenas distrações pra dar leveza e brilho, outras chorando embaixo do óculos escuro pelas ruas depois de mais uma tentativa frustrada, e em todas as vezes, recomeçando e tentando mais uma vez.

Eu realmente espero que a máxima do Renato Russo - "quem me dera / ao menos uma vez / acreditar por um instante / em tudo que existe" - aconteça pelo menos uma vez na vida de todos que estão por aí, todos os dias do ano, se aventurando e persistindo na beleza de suas convivções e seus sonhos.

E finalizo com Clarice:
"Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades
para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E
esperança suficiente para fazê-la feliz."

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

em um lugar qualquer, livre



Eu sempre curti muito aqueles "velhos" posts deste blog que misturavam tudo numa grande salada de informações. E por isso resolvi ser mais contemporânea nesse post. Ao invés de remoer pensamentos, ficar naquela vibe filosofal, resolvi falar do agora e do que está por vir... Porque no final, não é o presente e o futuro que nos restam?? Então falemos do bom e velho cotidiano...

Aliás, o cotidiano da blogueira anda em ritmo de montanha-russa. Mas para os leitores mais pervertidos, não significa esbórnia e sacanagem. Como sou chique, diria que está uma agitação cultural muito grande...

Entre vontade zero de ficar em casa, uma inquietude de idéias, divagações e pensamentos, resolvi tornar isso produtivo com esse testículo (risos). E tudo isso culpa do meu momento astral, que anda com vênus ou urânio ou a lua em gêmeos... Indecisão, vontade de estar em três lugares ao mesmo tempo... Afff, que angústRia!! hahahahaha

Dentro desse quadro desorientado, onde a pessoa fica altamente sem foco para fazer os pequenos trabalhos diários, estive pensando muito nessas auto-cobranças e mania de perfeição que jogamos em cima de nós mesmos, em doses diárias, quase como um grande chicote invisível de auto-punição. E pior do que a auto-punição é ver o quanto dessa exigência toda muitas vezes nem é para agradar a nós mesmos. Ela é quase sempre pra agradar o outro. O que será que vão pensar? Será que fulano ficou chateado? Será que fiz a escolha certa? Será, será, será? E eu digo: "Foda-se"!

O foda-se seria uma maneira verbal clara o suficiente para compreender que todos esses questionamentos devem cair por terra. É melhor mesmo, nesses casos, ser desprendido. Até porque o ser humano é muito difícil de ser agradado. E nós não temos culpa. Somos só assim, imperfeitos. Que bom!

Com esse clima "me aceitei", "sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim", foi possível determinar melhor pequenas escolhas diárias, ter mais carinho e paciência comigo e com as pessoas... Afinal, todos nós temos nossas fases, grilos, questionamentos. Não há nada de mais humano nisso!

Aí fui ver o filme novo da Sofia Copolla, "Um lugar qualquer"... Eu curti, bonitinho, contemplativo, melancólico (todo mundo sabe que curto ver filmes assim). Mas o que mais curti foi a atriz mirim Elle Fanning. Adorei o jeitinho da personagem, com suas rotinas simples e fofas, que mudam a vida de um pai que está simplesmente entediado com sua vida hollywoodiana vazia. E tem uma cena lindíssima, em que eles tomam chá imaginário no fundo da piscina, e toca uma música linda do Strokes, que postei em vídeo. Nem preciso dizer que saí do cinema correndo pra catar a música...

"Ten decisions shape your life
You'll be aware of five about
Seven ways to go to school
Either you're noticed or left out
Seven ways to get ahead
Seven reasons to drop by"

O nome da música é "I'll try anything once" (Eu tentarei qualquer coisa pelo menos uma vez). E acho que esse é o espírito... Experimentar mais e pensar menos se fizemos escolhas certas, se teremos apoio, se seremos compreendidos. Uma pessoa especial sempre me diz: "existe um preço que se paga por ser igual, e um outro maior por ser diferente". Aceitando o preço e nossa natureza, parece que passa a ser irrelevante alguns verbos: "aprovar", "reconhecer", "adaptar", "moldar", "conceder"...

E nesse espírito, transcrevo um poema que fiz no ápice do momento foda-se... Mas sem ressentimentos, pessoal. É só sinceridade, doa a quem doer... E desaprovem se quiserem, já não importa mais tanto assim pra mim...


***

no concessions will be made 

está aberta a temporada da não-concessão:
"você poderia?"
poderia, mas não quero.
desculpa, não estamos abrindo concessões.

"já que você..."
e já que você deu a idéia, faça você mesmo.
i'm sorry, não estamos abrindo concessões.

"você é tão boa nisso..."
obrigada pelo reconhecimento, mas hoje não quero ser boazinha.
lamento... não estamos abrindo concessões.

"preciso tanto da sua ajuda..."
ok, compreendo. mas faz tempo que não recebo a sua...
mais uma vez, sem concessões.

"pode ser mais tarde? durante a semana?"
quem sabe, né? mas, sinceramente, pode ser que até lá me canse de esperar.
porque me falta paciência...
vamos ver, mas vai ser por querer e não por conceder.

antes, concedendo, me senti perdendo tempo.
e como não acredito na benevolência do "não quero nada em troca",
faço uma aposta que na observância, estou dando mais do que recebendo.
e nesse momento a balança está em desequilíbrio,
pendendo muito mais pra um egocentrismo.

entre mim e vocês, fico com todos.
mas também quero comer um pedaço do bolo.
migalhas não tem saciado minha fome.
portanto, me conceda.
senão, daqui pra frente vai ser sem concessão.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

entre o peso e a leveza


Este blog é um engraçado fenômeno. Apesar de pouquíssimo divulgado, vez ou outra, descubro leitores avulsos que me dão percepções distintas das minhas reflexões.

Sei que os últimos textos foram muito miscelânecos: poemas antigos e novos, desenhos, pensamentos profundos e, até mesmo correndo alguns riscos, fazendo o primeiro haikai. Enfim, um pouco de tudo mesmo!!

Alguém me disse que tinha algo de denso (ou como diria minha prima, "demço", do linguajar internético). Mas não são assim os diários? Aliás, essa coisa do texto mais pesado e reflexivo, não se enganem, não significa que o autor vive pelos cantos murmurando sobre a vida... Mas é porque acho que a escrita já parte do pressuposto de certo intimismo das idéias, aquele lugar onde você se refugia e toma fôlego pra discutir coisas que só vem a mente em momentos mais solitários e contemplativos. É algo que transborda no papel, para que alguns pensamentos soltos caiam no mundo, e assim o blogueiro fica mais leve e parte pra novos tópicos, novas idéias e com novas perspectivas para a vida real, que é feita ali no dia-a-dia.

Não me importo com leituras tristes, melancólicas ou profundas. Aliás, elas exercem certo fascínio sobre mim. É porque prefiro saber, descobrir, pra depois com meu arsenal, de pontos de iluminação na cabeça, chegar ao mais próximo do que se adapta à minha vida, minha trajetória, meus valores. E acho que me coloca em contato com mundos que talvez nunca pudesse conhecer in natura. Minha viagem é e sempre foi pela mente...

E neste papo furado de opção pela profundida ou superficialidade, lembrei muito de um dos meus livros preferidos, "A insustentável leveza do ser", do Milan Kundera. O livro está longe de ser uma leitura suave... Na verdade ele é inquietante, porque nos faz pensar sobre a história e nossa filosofia de vida. Kundera chama o leitor à participar do mesmo questionamento dos personagens, e os transforma ao longo do percurso. Filósofo tcheco brilhante!!!

E fica o trecho::::

"Se cada segundo de nossa vida deve se repetir um número infinito de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz. Que idéia atroz! No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável leveza. Isso é o que fazia com que Nietzsche dissesse que a idéia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos. (das schwerste Gewicht)
Se o eterno retorno é o mais pesado dos fardos, nossas vidas, sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda a sua esplêndida leveza.
Mas na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?
O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sobre ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.
Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.
Então, o que escolher? O peso ou a leveza?" (A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

A blogueira escolheu os dois... :)

p.s. Dessa vez deixei um vídeo de um filmaço!! Lucía e o sexo, de Julio Medem. Vejam!!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

uma imagem vale mais do que mil palavras...


Filho de peixe é passarinho

Desculpa te magoar
Não quero ser você
Mas não significa que não te ame
À minha maneira

O problema é que cresci
O problema é que entendi
Entrou luz em algum ponto do caminho
E não quero ser peixinho

Na verdade, eu sempre fui mais passarinho...

Mas até ontem passarinho preso
Acostumado com alpiste regular e troca de água
Com gaiola confortável forrada pra tirar sujeira
E decorada pra ter um pouco de beleza

Um dia com a porta aberta
Passarinho preso voou
E não é só porque gostou que continuou
É porque era da sua natureza

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

quando o verão incomoda



O verão, de alguma maneira, me incomoda. E fiz a ponderação por comparação. Confesso!

Algo de semelhante entre o verão passado e este verão se impôs. Logo depois do carnaval do ano passado realizei que vivi os pulsantes meses do verão numa enorme euforia. Algo que sempre paira no ar em início de ano. Muito calor, pouca vontade de trabalhar, substituição dos deveres pelos prazeres e uma profunda abstração da realidade.

É como se no verão não fôssemos. Estamos ali distraídos pelo calor, pelos apelos de nossos desejos momentâneos. A idéia é perder o foco, falar e interagir com o maior número de pessoas possíveis, distrair a mente e beber muita, muita cerveja...

Meu poder de negação ainda não é tão grande a ponto de dizer que não me divirto com tais delícias e prazeres mundanos. Mas o fato é que esse oba oba vem se tornando uma exaustão. O corpo cansa, a cabeça se confunde, os objetivos algumas vezes se frustram.

E como a máxima da minha vida tem sido sempre tentar um caminho alternativo, diferente, nesse verão resolvi ponderar, mesmo ainda caindo algumas vezes no mesmo ciclo. É como se andasse 3 passos pra frente e 2 pra trás. Como empurrando um carro na ladeira. Não é que ele não chegará ao topo, mas tem que ter uma baita paciência e persistência.

Com tudo isso na cabeça e, por muitas vezes, com uma saudade danada de certas rotinas e disciplinas, resolvi tentar o diferente. Projetos em andamento, treinamento para correr maratona (e realmente acreditando que isso vai me levar a algum lugar... risos) e muita vontade de me manter serena e mais caseira.

O desafio tem sido quase impossível. Muitas fugas no trabalho neste novo vício que se chama facebook... Mas pra uma pessoa que vive sem TV e telefone em casa, tenho certeza que é uma questão de tempo. As mil saídas, mil choppinhos e mil encontros amigos podem ser abrandados com algumas concessões. Fato!

Enfim, a blogueira espera de verdade ganhar essa dose de sobriedade. Tem gente que acha careta e, até mesmo, como parte não integrante de minha natureza... Mas há tempos mudei... E persisto em encontrar uma dose de equilíbrio entre a agitação e a calmaria. Assim, a vida parece fluir melhor e sem aquela sensação de dor quando vem a quarta-feira de cinzas.

A opção pela mudança está lançada e com uma vontade profunda de ser alcançada. Já que todos
á minha volta não mudam, faço isso sozinha, mais uma vez.