quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

entre o amor líquido e o gonzaguiano em 2011



São engraçados os rumos de certas prosas... E é muito frutífero quando se presta atenção nas pessoas e no que elas têm a nos dizer e oferecer.

Nessas duas últimas semanas que antecederam a chegada do novo ano, a vida pareceu se movimentar intensamente. Muitos encontros, muitas celebrações, uma vontade danada de circular pelas ruas saboreando o clima quente e trocando energia com os corações aquecidos.

Nesse turbilhão, esta blogueira que segue no mundo com olhos e ouvidos atentos, duas coisas simbólicas me chamaram atenção. O primeiro foi o presente de aniversário recebido de um amigo: o livro "Amor Líquido", do famoso sociólogo Bauman. O segundo foi uma observação de um amigo que vasculhava alguns dos meus DVDs musicais: a paixão pela obra de Gonzaguinha.

Os eventos desconexos se uniram na minha cabeça. Lendo algumas páginas do livro de Bauman, uma constatação muito triste. Recebi o livro de presente por ser considerada uma pessoa muito amorosa... Mas o livro me mostrou uma porção frívola que existe em mim mesma - e em você também, caro leitor - de que até o amor entrou na era da fluidez da modernidade. Nesta vida acelerada e capitalizada, onde só aceitamos coisas prontas, acabadas e perfeitas, o amor está virando como uma ação do mercado. É instável demais, por isso muitos não vêem como um bom investimento. Portanto, devemos vendê-lo e comprar novas ações, antes que elas caduquem e não sejam lucrativas.

Meu choque de reconhecimento em alguns trechos não foi por conta desta terrível racionalização, e eu diria banalização, de um sentimento que sempre foi tratado pelos grandes poetas como o mais nobre dos sentimentos. Mas foi de compreender que a vida está acelerada mesmo, e que hoje em dia ninguém aceita as pessoas com seus defeitos de fábrica, e que portanto estamos fadados a circular por aí sem nos conectar de forma mais humana e profunda. E que se não estivermos atentos e se não exercermos nossa porção personalista, podemos nos olhar um dia no espelho e percebermos que aceitamos nos adaptar.

O realismo de Bauman, de verdade, é um soco no estômago para os mais sonhadores. E é impossível ler as páginas de seu livro sem sentir certo espanto. Mas como de boba a blogueira não tem nada, resolvi continuar prestando atenção em outras coisas para relativizar. Grande Einstein, um beijo pra você!!!

E a relativização veio com Gonzaguinha... Depois do comentário amigo, resolvi colocar pra girar o DVD do Programa Ensaio, que fazia uns 10 meses que não escutava. E foi bom ouvir a frase esclarecedora e esperançosa do compositor: "Eu sou um sonhador. Eu acredito muito nas pessoas. E tenho muita paciência comigo". Bingo!!

É isso... Pensando na virada do ano, no início de um novo ciclo, sempre projetamos aquilo que pensamos ser o melhor dos mundos para nossas vidas, as vidas dos que nos cercam e para a saúde do planeta. Eu ainda acredito na máxima de John Lennon de dar à paz uma chance e de que tudo que precisamos é amor. Peace and Love. Não precisa ser hippie, é só acreditar nas pessoas, como sempre fez Gonzaguinha.

Nos rumos em que seremos jogados ao longo do próximo ano, podemos sempre optar pelo amor. É claro que a vida acelerada e cheia de compromissos vai ser sempre o diabinho que vai querer nos transformar em pessoas intolerantes com os outros e nossas relações. Essa modernidade líquida vai sempre nos instigar a valorizar e desejar coisas que não precisamos ter, a acreditar em modelos de pessoas que não são reais... Até nos fazer vagar pelo mundo individualizados, incompletos e sozinhos. Mas se tivermos muita paciência com nós mesmos e com as pessoas, o verdadeiro sentido da palavra amor triunfará!

Entre o amor líquido e o gonzaguiano, fico com o último. E deixo pra vocês o meu voto de confiança.

E pra fechar esse último post do ano, repito mais uma vez que espero sempre tudo de melhor pra todos aqueles que têm vaga cativa no meu coração. Amigos, família, pessoas interessantes que cruzaram pela minha vida, todos vocês que de alguma forma trocaram comigo em 2010, só posso dizer que a jornada foi incrível, que aprendi muito e que fui muito feliz. E em 2011 o plano é continuar pelo mesmo caminho de felicidade e semear muito amor!!!

Um beijo no coração!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

feng shui dos escritos



A blogueira decidiu tirar a poeira dos escritos guardados.
Fora de contexto ou não, por serem resquícios de memória, publicar e deixar circular pode sempre ser de serventia para algum internauta perdido.
E o vídeo com cenas do maravilhoso filme "Terra Estrangeira" (1995), de Walter Salles, embalado pela versão de "Vapor Barato", de 1971, do álbum Fa-Tal, de Gal Costa, é pra abrilhantar mais ainda o post. Uma delícia!

***

o tempo que congela o momento
é um tempo que pede por esquecimento
mas que também clama por paciência


***

apatia

faço um pacto contigo
mudo meu mundo
embarco no seu navio
passo pelas intempéries
caminho junto, ao seu lado

naquele abraço em que desabas no choro
minhas lágrimas caem contigo
esqueço orgulho e engulo mágoas
me dispo da vaidade
e pra você sou toda verdade

na tua ausência
meu desafio é estar contigo
e na tua presença
recolho qualquer resquício de egocentrismo

pelo que sinto, pelo que desejo
vou me doando até a última gota

mas abro os olhos quando percebo
que no seu desejo há algo de egoísta
um falso altruísta
que só se sacia com suas pequenas vontades

e o precipício vem quando o tempo inflama
porque às vezes é necessário te chamar pra luta

e num mar de expectativas
você sempre vacila
e sempre me engana
pois penso que em ti
ainda há um pouco de gana

mas com o tempo
e seus muitos silêncios
encaro com dor sua apatia
e já sem forças...
confesso que cansei.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

questão biológica



Ai, que saudade dos tempos de adolescente!!!
E quando a saudade bate é inevitável o resgate de fotos antigas, cartas amassadas e pequenos escritos.
O papelzinho mal ajambrado veio diretamente do ano 2000, ano em que o laboratório onde estagiava ficava no mesmo corredor do laboratório de análises oceanográficas. E por uma pequenina janelinha de vidro, passava com emoção para contemplar meu objeto de desejo...
Saudades biológicas de um tempo que já passou, mas que deixou ainda um frescor nessa sonhadora blogueira.
Enfim, lá vai a transcrição do escrito.

***

questão biológica

confusão de solos
idéais fossilizadas
sorriso concentrado
olhar envergonhado
atitudes controladas
vontade calada
despedida com esperança
coração com insegurança,
mas que mesmo sem promessa de reencontro
não consegue parar de bater.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"you're looking so hardcore"



Há uma vibração no ar que os dias de dependência emocional se dissiparam, ou mesmo, se diluíram pouco a pouco com as boas surpresas e movimentos do cotidiano. E no lugar de lamúrias sobre nosso lugar no mundo, uma positividade em relação aos momentos pulsantes vividos e os que ainda se desenrolam numa cadeia mágica de acontecimentos.

Tom Zé, num Programa Ensaio de 1992, disse algo fundamental para o entendimento de minha maneira de encarar a vida. Falando sobre seus tempos de escola, lembrou-se de quando repetiu de ano, pois passava mais tempo lendo gibis do que estudando as disciplinas formais. E ele veio com a pérola: "Será que é o caso de dizer que eu perdi o ano ou que ganhei o ano?". Porque pra ele, ler as histórias em quadrinho abriram caminhos de seu pensamento para outros questionamentos, novas visões.

E aqui, onde a blogueira se encontra fazendo um saldo do agitado ano de 2010, cabe o mesmo tipo de reflexão feita pelo gênio baiano. Num ano de poucas mudanças em algumas esferas da vida, o tempo que para alguns pode parecer ocioso - milhões de filmes assistidos, inúmeras músicas escutadas, diversos livros lidos, uma enormidade de lugares contemplados e muitos amigos resgatados - seria o caso de dizer que o ano foi perdido pela falta de foco e euforia desta humilde blogueira? Não, não foi. Foi ano ganho!

Às vezes é preciso parar de dourar a pílula de certos questionamentos da vida adulta e deixar a curiosidade despretensiosa nos guiar. E com a despretensão e uma boa dose de relaxamento, as verdadeiras paixões reaparecem e as idéias ganham fôlego para a realização de novos projetos. Planos de fuga criativos que nos direcionam para o que verdadeiramente queremos ser.

O ano foi de verborragia intensa, um let it be de expressões... Tudo o que foi sentido, não foi reprimido, foi dito, escrito, chorado, contado, cantado e exorcizado. Mas nunca, nunca calado!

E essa liberdade de expressão foi vindo num crescente ao longo do ano, a ponto de olhar pra mim mesma  e sorrir com satisfação. Egotrip a parte, o que posso afirmar é que da fase do abalo, da fase da revolta, da fase em crise, da fase flor, eis que a flor-de-lótus ressurge um pouco mais hardcore.

E em minha auto-homenagem, já que dia 9 de dezembro completo 29 primaveras, postei o vídeo da música Let me down slow, dos Rolling Stones. Primeiro, porque adoro a maneira como eles descrevem essa mulher de cabelo tingido, inteligente, de sorriso torcido, que desconcerta e fragiliza Mick Jagger a cada refrão. É isso, uma mulher livre e de atitude... E muito feliz por determinar a parte que lhe é de direito neste latifúndio!

Quem quiser ser navegado, que entre neste barco!

I'll be rocking in the next corner... See ya!

p.s. post dedicado à Edileuza Pimenta. grande amiga, grande conselheira, grande mulher!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

brincando de super-heroína



brincado de super-heroína

eu queria ser uma mulher elástico
para torcer, dobrar e alcançar
mas sem quebrar

uma mulher elástico
que na noite embalada sem sono
pudesse esticar os braços num abraço

e que com a maleabilidade da borracha
fosse capaz de acompanhar saturno
em seu giro de 29 anos
sem sentir com espanto
toda a carga da experiência
em apenas um ano

mas o elástico é um tônus ideal
e supostamente irreal
para humanóides de carne e osso

então, me contento com a mulher de fibra
fibra...
ora muito tensa, ora densa, ora partida

pour moi

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

viajar e preciso



Essa postagem vai sem acento, diretamente da ultima noite em Barcelona.
Hoje passei o dia sozinha, na praia de Barceloneta... Peguei sol e fiz massagem por 5 euros... Uma verdadeira turista...
Bom, mas a verdade e que pensei em como viajar e importante, para valorizar sentimentos, o lugar de onde viemos e as pessoas que amamos de verdade.
Conhecer os lugares nos faz entender um pouco mais de nos mesmos. E uma verdadeira descoberta...
E ao mesmo tempo deixamos um pouco a nossa pegada no mundo... Trocamos energia com as pessoas, com os lugares... E nos emocionamos em muitos pontos quando nos deparamos com construcoes e obras que realmente tocam a gente.
Volto renovada, com muito mais sabedoria do que antes, porque agora conheco aqueles que sao diferentes de mim, mas no fundo tao iguais...
E bom o contato com o desconhecido. Nos sentimos um completo desconhecido, sem direcao, como uma pedra rolando, como diria Bob Dylan... E demais!!! :)

Volto cheia de novidades e prometo postar sempre aqui!!! Muita coisa vai vir... :)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

historiografia de um blog


Já havia mencionado a uma amiga o meu desejo de comemorar o 20º post neste querido blog. Tinha em mente o título: "historiografia de um blog". Mas aí vieram outras idéias sobre amor e distração que acabaram fluindo melhor.

Confesso que gostei do título e tornei a pensar sobre ele quase como uma idéia fixa. Explico, sempre! Nós historiadores estamos acostumados com o conceito da palavra historiografia. Só que somos um grupo fechado e cheio de jargões e, é claro, nem todos os leitores até este momento precisariam compartilhar o conhecimento do termo.

A história seria a interpretação dos eventos sociais ocorridos ao longo dos tempos nas diferentes civilizações que ocuparam  este planeta. Este observador e intérprete, entretanto, se situa em uma cultura e numa noção de tempo de sua época (sua época vivida, geração, etc.). Logo, com o passar dos anos (muitos, eu diria), nós historiadores começamos a questionar a neutralidade de nossos antepassados ao narrar certos eventos, pois a observação à distância permitia que encontrássemos discursos e tendências de pensamentos carregados de conceitos de seu momento histórico.

Parece complicado, mas é simples. A historiografia é a crítica da própria história. É como se estivéssemos colocando mais uma lente sobre os escritos. Esmiuçando as entrelinhas. Uma coisa aparentemente obsessiva, mas que é muito importante para relativizar interpretações e pretensas "verdades absolutas".

Aí pensei no blog, famoso por democratizar os diários de milhões de usuários da internet. Um espaço que nasceu do desejo de se criar um perfil individualizado de seus donos. Um espaço aberto para a inscrição e circulação de idéias, pensamentos, devaneios. Um espaço de preferências, de recortes, de diversidade.

O blog é exposição, mas antes de tudo é circulação! Eu mesma pensei muito antes de fazer um. Minhas questões eram: "será que vou me expor demais?", "será que alguém vai ler, compartilhar?". Meio paradoxal, mas enfim...

A verdade é que num mundo onde os espaços institucionalizados abrem tão poucas portas para as pessoas se expressarem e fazer com que sua expressão circule, a internet virou a "Shangrilá" daqueles que tem algo a dizer.

Assistindo ao filme "Julie & Julia" refleti sobre essas questões. A burocrata pós-moderna Julie, com todo o fardo de seu dia-a-dia de trabalho e sua frustração de escritora mal-sucedida, só se sente bem ao cozinhar e assistir os programas de culinária de Julia (uma senhorinha simpática que sabe TUDO da culinária francesa). É então que ela se lança num desafio de cozinhar mais de 500 receitas de um livro de culinária de Julia num prazo de um ano, postando suas experiências num blog.

O blog inicia tímido, despretencioso, mas Julia se entrega ao blog. Ela se envolve em sua própria experiência e derrama com veracidade um pouco de si e de sua história.

É assim que analiso um pouco da experiência de "Um pouco de tudo"... Um espaço que nasceu para compartilhar muitos de meus pensamentos e indagações... Um espaço quase idílico onde poderia registrar algumas experiências e gostos extra trabalho burocrático, extra historiadora, extra qualquer coisa modelar e limitante. Aqui, para mim, seria o "pode tudo". E eu pude exprimir tudo! E ainda pretendo fazer mais. Até porque, da despretensão, outro dia me vi pegando um dicionário de filosofia para ler o conceito "amizade" (não encontrei, para minha frustração...), me vi sacando uma caderneta de bolso dentro da sessão de cinema para anotar uma frase... Ou seja, umas atitudes meio malucas, impensadas, mas que refletem como caí de amores por isso aqui.

Aos poucos, mas seletíssimos amigos que acompanham essa pequena extensão do meu ser, agradeço pela companhia, pelos comentários incentivadores, pelas críticas e por estarem sempre comigo me dando material para minhas "histórias". Vocês são um pouco disso tudo!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"o amor é meu"



No último sábado foi o grande Dia dos Namorados. Uma data significativa para celebrar o amor e a paixão. Ou então uma data para relembrar que às vezes é preciso esquentar as coisas, sair da comodidade do relacionamento e colocar em prática algumas gentilezas e carinhos.

É óbvio que nesse clima "coração vermelho" os solteiros passaram a ser olhados com certa piedade ao longo da data. Como numa sociedade maniqueísta, onde os felizes são os que tem um par e os infelizes são os solteiros que levam uma vida vazia... Mas como no livro "A insustentável leveza do ser", do Milan Kundera, existe sempre mais densidade nas pessoas do que apenas duas idéias opostas, um par dialético.

Tô viajando brabo, gente!!! hahahahaha... Mas esse blog sempre foi um mix de tudo mesmo...

Mas... enfim... Pensando nessa pressão social de se ter um par, de ter que ter um casamento, vida estável, filhos... Vejo que no mundo em que vivemos, nossa felicidade está sempre atrelada a idéia do outro. Mas os sentimentos nobres como o amor são vividos individualmente. Só eu, dentro de mim mesma, posso saber o amor que sinto e o quanto ele faz bem. É claro que existe uma troca, mas o amor é meu... É como numa música que gosto muito, da banda El efecto... Eles conseguiram traduzir que o amor é algo que depende exclusivamente de nós mesmos, porque ele é fruto da nossa idealização...

Sabendo disso, fico feliz demais... Pois se o amor é meu, posso ser solteira e amar muito! Depende de mim amar a vida, meus amigos, minha família... Depende de mim ter uma vida de amor, peito aberto, cabelo ao vento... Depende de mim ver e viver olhando pelas lentes do meu coração... E isso é bom, é fácil e é fantástico, porque melhora muito as coisas...

Outra coisa... Percebo que muitas pessoas hoje em dia procuram um amor com certa angústia (super normal se levarmos em conta o estilo de vida que temos hoje em dia). Mas será que essa busca angustiada gera aquela serenidade e tranquilidade que só um amor inesperado faz com a gente? E se colocamos tanta expectativa, como vamos nos surpreender, se a nossa idealização é tão única, particular e perfeccionista?? Pensem nisso, gente. Às vezes é melhor estar mais desligado, valorizando outras coisas e deixar tudo fluir naturalmente. É como Clarice Lispector cita no trecho abaixo, temos que dar oportunidade ao inesperado...

Deliciem-se com Clarice, e deixem a consciência e o coração serem seus guias!!

Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector

quinta-feira, 27 de maio de 2010

"eu quero uma casa no campo"



Hoje passei o dia um tanto quanto "orgânica". Uma vontade de escrever, no sentido primitivo do termo, passando levemente a tinta no papel. É claro que neste momento transcrevo para o computador tudo que foi escrito no papel, mas o que vale é que este escrito foi produzido assim, desta forma natural e rudimentar.

Esse anseio por um contato maior com a natureza se confunde com uma trajetória iniciada há alguns anos. Primeiro veio através de umas reuniões budistas que frequentei por um breve tempo, mas que deixaram ensinamentos valiosos, como entoar o mantra de lótus durante um trajeto Porto Alegre - Rio para diminuir a ansiedade e o cagaço de avião. Depois veio a mística e a força das pedras (sabia que uma ametista na testa pode fazer sumir uma enxaqueca pentelha?), a yoga, os florais (o nome em inglês, segundo um escocês do meu trabalho é "star of benthleen") e, por fim, a meditação. Um coquetel de relaxamento, leveza e paz de espírito. Namastê!

Pra uma pessoa que é simplesmente apaixonada pelos seres humanos, os lugares e as histórias, quando um dos três elementos se torna excessivo, imediatamente recorremos aos outros para buscar o equilíbrio. Veja bem, não é que tenha me cansado das pessoas, pelo contrário... Mas é que nas últimas semanas a sociabilidade intensa me impulsionou para um período de resgate dos outros dois elementos fundamentais do meu ser (é... estou demasiado profunda).

As histórias, por enquanto, estão vindo dos filmes, livros e trilha sonora do momento. Mas queria falar mesmo é de um livro que estou passando minhas noites lendo... É um best seller, vulgo livro de mulherzinha, mas que é surpreendentemente esclarecedor. "Comer, rezar, amar", de Elizabeth Gilbert, é a busca de uma escritora norte-americana pelo auto-conhecimento, que após um período tumultuado de sua vida coloca o "pé na estrada" rumo à Itália, Índia e Indonésia. Eu já viajei com ela pelos prazeres da cozinha italiana, mas agora estamos nos descobrindo juntas num ashram de yoga na Índia.

A sua retomada de si mesma me encantou, porque como escutava nas reuniões do budismo, vejo que minha heroína tenta buscar aquela velha metáfora do rio. Ou seja, a nossa vida, nossa trajetória, seria como o fluxo de um rio. Quando estamos imersos nele não temos controle sobre o que ficou pra trás e nem sabemos os destinos a que nos leva. O que podemos sentir é o fluxo, a correnteza nos levando. E nesse percurso podemos escolher se vamos numa canoa, se nos protegeremos das pedras ou se vamos nos debatendo de um lado para outro desgovernados. Em suma, a nossa vida se faz do momento presente, assim como nossas escolhas. A angústia e o saudosismo só nos deixa mais suspensos das sensações e vibrações cotidianas, nos deixando tresloucados num mundo de pura virtualidade. Uma lástima!

Refletindo sobre tudo isso e meditando muito para acalmar a cabeça e o coração, a paz entra na nossa vida de maneira singela e nos aproxima da mãe Gaya, mãe Terra, mãe natureza. É bucólico e muito lindo!!

Ainda não virei hippie... E não! Não vou morar numa comunidade!! Quero mesmo é deitar na grama, sentir o balançar do meu corpo numa boa rede, andar de contra o vento, abraçar uma árvore, pisar descalça na terra batida e depois mergulhar a cabeça na água gelada de um rio. E depois de tudo isso, caminhar, caminhar e chegar ao topo de uma montanha, sentar por alguns minutos, sentir a grandeza e força do planeta e cantarolar "Pedras rolando", de Beto Guedes. Ele diz: "E para sempre é o que tem de ser / Que nem tambor das pedras rolando / Seja o que for". É isso!! É preciso jogar pro universo!! É preciso parar, ouvir mais, sentir mais e concluir que nada se controla e que tudo deve seguir seu fluxo, naturalmente...

E quando a gente descobre isso, não é que a vida mude do dia pra noite, mas faz a gente pensar mais nas coisas importantes... E de verdade, dá uma vontade danada de se refugiar naquela "casa no campo" que a Elis cantava, onde todas as coisas importantes e verdadeiras se encontravam lá. Por isso, deixo transcrita a letra da música pra vocês logo abaixo. Um abraço apertado e caloroso!!!

Casa no campo - (Zé Rodrix e Tavito)
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza

Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a arte de dar no pé



Pois bem, amiguinhos, aqui estou eu de novo... E procurando algo de interessante para dividir... Ou não!!!

A verdade é que gostaria de dividir algo que tem se mostrado presente na minha vida. A arte de dar no pé... Mas, querida Priscila, o que seria isso?? Explico.

As últimas semanas foram fantásticas para ampliar os meus horizontes (mais do que eles já estão expandidos, acreditem!). E isso tudo porque desde o início do ano que venho num mergulho profundo no mundo da literatura e da música. Não, não é que quero ser cult-bacaninha... É só uma imensa vontade de conhecer coisas novas e sair da rotina...

Questionando dois amigos que se dizem fanáticos por RPG, o por que de tanta dedicação e comprometimento com um jogo (juro que isso, na minha cabeça, parece uma coisa meio impensável, porque adoro as pessoas, as histórias e os lugares. uma coisa assim meio apegada ao mundano, eu diria). E a resposta veio a cavalo: "Priscila, é a fantasia!". Gente, é verdade! No mundo da imaginação, o céu é o limite!! E como é bom poder pensar em coisas idílicas, em acontecimentos perfeitos, em cenas fantásticas onde você é o personagem central da sua própria trama!!

Indo nesse fluxo rumo ao fantástico, resolvi fazer da minha vida uma espécie de filme, ou mesmo um livro... É fácil de entender... Os momentos solitários e de lazer com os amigos seriam o set de filmagem. Mas tudo isso sem roteiro definido... Tudo meio que numa espécie de improvisação. Dessas improvisações cotidianas, sempre rola a trilha sonora do momento, que de forma inexplicável faz um resumo de toda a ambiência e do contexto das cenas vividas. É como estar imersa num grande musical da Broadway. Fantárgico!!

Aí vem as histórias, que podem ser roteirizadas com decisões impulsivas ou pensadas, sempre naquele instante do acontecimento. Mas que depois passam por uma edição fina no dia seguinte, pra ver se vale ou não a pena ser selecionada para o grande enredo final...

Pode parecer conversa de maluco. Eu entendo que vocês podem pensar assim. Mas juro que vivi um momento cinematográfico em minha vida. Aliás, mais de um... Uma centena deles. O último foi no final de semana... Voltei para a festa dos sonhos, no lugar dos sonhos, na casa dos sonhos, no meio de um céu estrelado, de ar fresco, música boa, grama verde e fogueiras a la "As Brumas de Avalon". Um cenário de filme meio Woodstock, ou algo parecido com aquela vila de artistas italiana de "Beleza Roubada".

A noite foi fantástica, mas terminou com a persoagem principal dando no pé. Literalmente! Aí pensei em quantas vezes acabamos fugindo de situações que não queremos que vá para a montagem final de nosso filme. Não digo isso pelo lado negativo da coisa... Mas sim porque muitas vezes não queremos e não estamos preparados para ouvir o que não queremos. E nesse momento, cortamos a cena num ato de impulsividade, deixando o ator coadjuvante sem deixa para o final da cena.

Mas existe algo de bonito nisso. Uma coisa meio noir francesa, silêncios como aqueles que sempre assistimos nos filmes europeus ou iranianos. E tudo isso porque talvez, se a cena de fato desenrolasse, poderia não ter um final tão charmoso. Por isso, amigos, dar no pé, na hora certa, se compara a sétima arte... E tenho dito!!

O mais engraçado é que no caminho de volta do taxi, começo a escutar e cantarolar "Imagine", de John Lennon. Trilha sonora perfeita pra uma sonhadora de carteirinha como eu. Naquele momento, repetindo o verso "you may say i'm a dreamer, but i'm not the only one", realmente acreditei que estava cantando de mãos dadas com todos os sonhadores do Planeta Terra que ainda acreditam na beleza dos gestos, das frases não ditas e das dúzias de cenas de filme que podemos viver cotidianamente. Imagina???

É amigos, tenho que concordar com meus amigos "errepegeanos": a imaginação é melhor do que a realidade. O que seria de nós sem ela??

Mas enfim, chega de filosofia barata!!! Vamos curtir um som muito bom... "Garbage", com a música tema desse post "Run, baby, run".

Tenho que ir!

domingo, 9 de maio de 2010

mãe, eu te amo


Mãe, você é amor puro, sincero e desinteressado.
Você é o único abraço de conforto e consolo.
É a pessoa que me conhece mais a fundo, que vibra e sofre comigo.
Nós duas dividimos, somamos, multiplicamos...
Sei que nós nos amamos, demais... Obrigada por isso! :)

Em homenagem a minha querida mãe e a todas as mães leitoras deste simpático blog, deixo soar a faixa "Pai e Mãe", do Gilberto Gil. Beijossss!!!



quinta-feira, 6 de maio de 2010

"coração americano, acordei de um sonho estranho"



Hoje acordei com o sentimento de que meu coração é latino americano. Digo isso por um milhão de motivos e por muitas lembranças... Tá bom, eu explico... Sempre!

Acabo de chegar do trabalho. Pra variar a internet não quer mais funcionar. Mas tudo bem. Aceito o desafio e escrevo no Word para repassar pra vocês mais tarde.

O fundo musical é Clube da Esquina, soando a faixa “Dos cruces” e agora passando pra “Um girassol da cor de seu cabelo”. Lembranças e mais lembranças. Recordações dos dias de historiadora empregada indo apreensiva ao Estúdio Floresta, no Cosme Velho, fazer entrevistas para o Museu Clube da Esquina. Lá conheci o poeta Márcio Borges e autor da biografia mais emocionante da história da música brasileira, “Os sonhos não envelhecem”.

A neutralidade de historiadora virou admiração de fanática, arregalando os olhos e agradecendo a todos os acontecimentos da vida que me levaram naquele momento àquele local... Coincidência, destino? Nunca vou saber, mas foi mágico.

Minha parceira de entrevistas, vinda diretamente de Belo Horizonte, era uma figura interessante... Meio hippie, cheia de histórias sobre sua temporada na Europa como babá de uma família alemã. Dormiu na rua, conheceu pessoas das mais variadas, viveu histórias de amor e teve experiências lisérgicas. Seu nome, pasmem... Priscila Cabral. Um sinal, com certeza!

Bom, esse disco realmente resgata sentimentos dos mais variados... Mas para mim, conhecê-lo, fez parte de uma pequena revolução particular. Ver que existia uma conexão entre Minas e Brasil, Minas e América Latina, Minas e os Beatles, Minas e eu... A sutileza de harmonias que tanto me teletransportaram (fiquei na dúvida de como escrever essa palavra pelas novas regras da língua portuguesa) pelas cidades mais recônditas desse território latino. E de trem...

Vamos dizer assim, que desde a semana passada, a latinidade toma conta do meu peito. Primeiro ao receber pelo correio o CD de um estimado amigo e parceiro musical argentino. A banda se chama Mukele. Na faixa 8 e 9, “Mysterios” e “Solidão”, uma voz conhecida: Priscila Cabral. Um debut nascido de uma amizade de longa data entre uma carioca da gema e um simpático portenho do bairro de Lanuz. O sinal nesse caso é astrológico, ambos sagitarianos, que até hoje mantendo uma profunda amizade, podem ficar por horas a fio conversando sobre o mundo, história e sentimentos, onde tudo converge para uma profunda identificação. Um amigo espelho. E tem mais, ele vai casar com uma historiadora americana, para completar de fato a integração das Américas!!

Mas não para por aí... De uma das visitas à Argentina, adquiri o CD do Buena Vista Social Club. Desde então me apaixonei pela corneta chorosa e o violão dedilhado dos cubanos. E enfim, saindo com amigas para uma experiência completamente nova, chego numa festa dos sonhos, em um lugar dos sonhos, escutando uma banda panamenha-cubana, com direito a toda sonoridade delicada dos sopros, percussão e baixo acústico, tendo na voz o sobrinho de Ibrahim Ferrer. Não é pouca coisa, não...

No vídeo ficamos com a voz e o violão de Milton Nascimento, acompanhado do brilhante piano de Wagner Tiso, mandando notícias "Para Lennon e Mcartney" sobre as boas novas da música mineira. Era o Clube da Esquina mandando seu recado, diretamente do terceiro mundo, em pé de igualdade. Hasta la vista, compañeros!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

por que você está assim tão estranho?





Há alguns dias não passo por aqui. Entro, olho, penso, mas tenho quase nada para dizer. Bloqueio criativo da blogueira!

Mas, enfim, como aceitei o desafio de sempre escrever o que penso, deixo aqui apenas algumas linhas com a reflexão de hoje...

Já tiveram um sentimento chamado "estranheza"? Explico: é aquele em que você é surpreendido com uma notícia e não entende o que sentiu com ela. Só se sente estranho.

Refletindo a arte de se sentir estranho, deixo aqui duas músicas que falam sobre a temática. Arnaldo Antunes com a música "Socorro" e Radiohead com a música "Black Star".

Namastê!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ainda não, tô planejando



O que mencionar nesse início de post, senão um profundo luto pelas mortes que ocorreram devido às últimas enchentes no Rio...

Foi tudo muito triste e desolador. E o curioso disso tudo é que nos últimos tempos as coisas já estavam meio cinzas mesmo... Sabe aquela baixa de ânimo, uma preguiça, vontade de reclamar das coisas... Estava sentindo essa vibe meio nebulosa no ar. E, infelizmente, veio toda aquela água para deixar a cidade e nossas vidas ainda mais carregadas.

No dia da chuva mais violenta, na segunda-feira, estava retornando pro meu lar. Levei uns 40 minutos esperando uma oportunidade pra atravessar a rua e chegar ao meu portão. Depois disso, o jeito era ficar em casa curtindo uma calmaria.

O meu choque mesmo foi acordar no dia seguinte, ainda com chuva pesada, e receber uma ligação dizendo que o escritório não ia abrir. Meio que sem entender fui ver o estrago que tinha ocorrido na cidade...

Através dos noticiários tive uma sensação de estar passando outra vez pelo 11 de setembro. Nessa época, em greve na faculdade, também passei o dia trancafiada em casa vendo todas as cenas e novas informações sensacionalistas que chegavam pela TV.

Mas o pior disso tudo é saber que uma tragédia dessas poderia ser evitada. Lendo uma matéria em algum jornal (não me lembro qual), há 5 anos que a GeoRio realizou um estudo mostrando ao poder público as áreas de risco de desabamento no Rio. Pasmem, que apenas com algumas centenas de milhões de reais (seguidor, você e eu sabemos que isso é pouco para os cofres públicos, assim como é um dinheiro que poderia ser captado pela iniciativa privada sem muito esforço), faríamos algumas contenções e removeríamos famílias de áreas de risco.

Mas é sempre assim, não existe política preventiva nesse país. Parece que sempre temos que apagar incêndio. Mas parece que isso está tão arraigado na mentalidade do brasileiro, que às vezes ficamos sem esperança que apareça alguém objetivo e com pulso pra mudar as coisas. E é tão simples mudar...

Mas, enfim, sabemos que passado algum tempo tudo vai acabar em samba. Ou vão misturar tudo numa discussão só: olimpíadas, alagamentos, copa do mundo, royalties do pré-sal... Aquela retórica pobre e pitoresca que só político brasileiro consegue fazer e convencer os outros de que faz sentido.

Não sou pessimista. Não! Jamais! É só uma irritação com fundamento. É aquela história tão bem narrada pela banda Rockz. Na música "Tô planejando" eles mostram bem essa brasilidade... Estamos sempre fazendo milhões de conjecturas e planejamentos, mas realizar que é bom, nada! Aliás, ouçam a banda, que é boa por demais!!

Fui!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

outono em botafogo



O que seria fechar um ciclo? Bom, não sei se posso responder isso pra você, caro leitor...

Eu poderia abordar a temática falando do tempo para os gregos, dos ciclos da natureza e todo aquele papo P.I.M.B.A. (pseudo-intelectual-metido a besta, não fui eu que inveitei essa expressão, mas também não sei quem foi). Mas ao invés disso, vou escrever como interpreto isso... Até porque esse blog é MEU (papai comprô pra eu... hahahaha).

Eu acredito muito nessa coisa de que na vida passamos por ciclos. Tudo poderia ser um ciclo: o seu emprego, seu casamento, a faculdade, aqueles anos de cursinho de inglês, aquele apartamento que você morou na infância... Enfim, são períodos em que estamos vivendo em certos modelos, rotinas, e que deixam na memória algumas lembranças...

Aí, caro seguidor, você me pergunta: como fechar um ciclo? Não sou oráculo, mas posso tentar ajudar... Eu mesma fechei um ciclo essa semana. Depois de uma conturbada fase de euforia e alegria, veio uma calmaria, vontade de "arrumar a casa" e de ficar dentro dela o máximo de tempo possível... Dorothy já dizia: "There's no place like home"... E não existe mesmo. Às vezes só você, sozinho, dentro da sua casinha, da sua concha, consegue dizer adeus a velhos fantasmas.

Esses fantasmas acabam indo embora com um feng shui físico e mental. Eu comecei pelo físico, colocando em ordem os papéis, as gavetas, as caixas, as pastas. De dentro daquele monte de gatilhos da memória, consegui dar risadas, analisar como mudei minha forma de agir e ver o mundo, e refleti sobre aqueles pequenos tesouros de longa data que ainda eram carregados por mim, mesmo passando por tantas casas diferentes. Mas também me livrei do excesso e das lembranças ruins. Resultado: um saco com quase 5 quilos de papel! Fiquei mais leve.

E junto com esse entulho a gente acaba encerrando algumas coisas, alguns assuntos pendentes. É como se a gente zerasse o cronômetro pra seguir em frente com outras histórias. E dentro dessa perspectiva (por favor não quero ver ninguém rindo... hehehe), fiz meu imposto de renda hoje, na primeira hora do dia!!! Uffffaaa!!!

Não quero ir muito a fundo nesse assunto não... Mas aconselho aos que se interessem, a fazer essa limpeza feng shuística. É MARA!!! Se você tiver condições de tomar um banho de cachoeira ou de mar logo após a faxina, o serviço fica completo, o corpo fechado!!! Saravá!!

Bom, mas como já criei essa tradição de sempre falar de alguma coisa que vi, li ou escutei, queria indicar um lindo filme: "O Leitor". Sem contar o enredo ou mencionar a sua sinopse, o filme mostra a vida de uma pessoa fechada, que por não conseguir se abrir, não consegue fechar alguns ciclos. O filme não é daquele tipo que você sai sorrindo, mas é tocante. E viva a arte que faz a gente se sentir tocado por alguma coisa!! Viva os sentimentos, viva a lembrança!!

Já que estamos falando de ciclos, de memórias, deixo um vídeo do Strokes chamado "Someday". A letra é bem legal, assim como a levada da música. Volto ainda mais renovada no próximo post. Au revoir...

segunda-feira, 29 de março de 2010

rio, a cidade ímã...



Algo mágico aconteceu... Morri de saudades desse meu querido blog. É verdade, viciei...

Mas o sumiço tem explicação: passei o final de semana fora do Rio para celebrar o aniversário da minha querida irmã.

Bom, já havia comentado aqui que a semana passada estava sendo um pouquinho difícil... Mas como sempre, uma luz, ou melhor, um conselho amigo, sempre aparece. Dessa vez foi do meu estimado chefe. Observando que estava, vamos dizer, "um pouquinho" agitada com as tarefas trabalhísticas, ele virou pra mim e soltou a pérola: "Priscila, you don't want to get old doing that". Santo homem!!! Ele tinha razão...

Só que a ficha caiu somente durante o trejeto de fuga do Rio. Eu nem sei se vocês vão concordar comigo, mas essa cidade às vezes suga a gente. E nem estou falando num sentido pejorativo, mas é que no meio desse turbilhão de possibilidades, muitas vezes nos sentimos quase que obrigados a permanecer na cidade achando que vamos perder alguma coisa muito importante. Ledo engano...

Logo na viagem a tentação me chamou: "Priscila, estamos pensando em ir na Brazooca!". "Putz", pensei, "adorrrro essa festa"... Mas já estava com o pé na estrada. E relaxei...

Chegando no local, minha rotina já tinha mudado. Noite escura, silêncio, cheiro de mato e maresia. Tesão total!! No dia seguinte de manhã, calmaria e corridinha na praia, correndo descalça e sentindo os pés afundarem na areia. E de quebra, fone no ouvido escutando o "In Rainbows" do Radiohead. Quer mole ou quer mais? Quero mais, sempre! E por isso, mergulhei no mar, pedi proteção pra Iemanjá e torrei um pouquinho no sol vendo e sentindo o cheiro do mar. Isso mesmo, virei quase um bicho-grilo!

Enfim, com a noite da festa se aproximando, começamos com os preparativos. Festa tropical com direito a barman italiano (o simpático Salvatore) e um DJ super rock'n roll... No meio desse balaio, familiares, amigos de longa data, amigos novos e uma diversidade de pequenos que traziam alegria para festa.

Eu pensei em como foi bom me permitir um descanso do agito da cidade pra estar ali com pessoas tão queridas, num clima de total descontração. É sempre incrível ver como você pode se sentir a vontade de falar sacanagem com seus pais e amigos deles. Uma cena engraçada foi a da fila do drink "sex on the beach". Uma amiga da minha mãe me pergunta: "O que é bom de tomar?". Prontamente respondi: "Sex on the beach". "Mas o que é isso, Pri?". Num estado meio Heleninha Roitman respondi fechando os olhinhos: "Sexxxxxoooo na praaaaiiiiaaaa!". Prontamente se formou uma fila gigante com a mulherada uivando: "Ahhhhh, é esse que eu quero". hahahahahaha
Cena impagável!!!

Retomando o fio da meada, o final de semana foi tudo de bom. E acabou virando meio que a moral da história nesse post: "É preciso viajar! É preciso sair da rotina! É preciso experimentar coisas novas!"... Ihhhh, tô ficando repetitiva!

E pra fechar com chave de ouro o final de semana, no meu retorno à cidade pensei: "Vou fazer o que mais gosto". Fui pra um showzin de rock... Fantárgico, gente! Foi no último dia da Temporada Eskimo, no Cinematéque. A banda convidada, que conquistou meus ouvidos em uma outra oportunidade, foi o BRASOV. Uma mistura de música latina com canções russas. Meio ska, meio tango... Essas misturas que sempre adoro!

Além da banda ter naipe de metal, que eu AMO, porque alegra o coração, eles são performáticos!!! Tudo de bom: boa música com humor!!!

Foi perfeito, tudo muito perfeito... Pena que acabou. Agora é esperar mais novidade para o feriadão... Viva o feriadão!! Uhuuuuuu!!!

Então, vou terminar por aqui porque já falei demais... Mas fiquem com este vídeo do BRASOV para alegrar a semana de vocês. E se permitam assistir um show dessa banda... Eu recomendjooo. :)

Boa noite e, quem sabe, amanhã tem mais!

quinta-feira, 25 de março de 2010

rumo aos 30 :)



O post de hoje vai dedicado a minha queridíssima irmã. Pois é, ela merece!!! Iremos comemorar todos juntos suas 30 primaveras.

O que dizer deste número cabalístico? Na verdade acredito que os 30 anos são um desses marcos que o ser humano carrega de significado. Aos 20, uma passagem muito bacana, ainda não temos a segurança e propriedade dos 30, acredito eu...

É engraçado porque muitos amigos, me incluindo nessa lista, estão chegando lá. E a proximidade da data faz esse papo ser o mais cobiçado nas rodinhas de minha magnífica galera...

Todos chegamos a um consenso... Revendo fotos antigas, podemos dizer que melhoramos muito... Éramos meio desengonçados, desproporcionais, estranhos no próprio corpo que tomava forma. Ainda bem que essa fase se foi, passado!!! E, acho eu, ainda nos faltavam algumas certezas, algumas seguranças, que só perto dos 30 que conquistamos.

E claro que isso se reflete na aparência, no jeito mais leve e despojado de ver a vida. Ficamos mais jovens, acredite!!! E isso não é auto-propaganda, gente!

Viva o aniversário da minha mana! Viva a maturidade!! Viva a experiência!!! Viva os 30!!!! Número simpático e auspicioso (hare baba).

Então, proponho um brinde a este período maravilhoso de nossas vidas. E para comemorar em grande estilo, deixo vocês ao som de Elis, mandando a letra de que "precisamos todos rejuvenescer"! O nome da música faz pensar: "Velha ropa colorida". É isso, tiremos dos armários o que há de mais divertido e colorido, para vivermos com mais despojamento e alegria!!! Iupi!!

"No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais"

Belchior



As mulheres de 30
"O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz:
'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'.

Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'. E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40?

Mas voltemos a nossa mulher de 30, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30 bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40. E o que mais encanta nas de 30 é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha!

A mulher de 30 está para se separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o segundo e definitivo.
A grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal. As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar.

Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar.

O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anos, toda de branco, com o estetoscópio balançando no decote de seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de 30 guiando jipe? Covardia.

A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30?

Mas o que mais me encanta nas mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, à hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.

São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam.

Chegam lá atrás, no Balzac: 'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'.

Ponto. Pra elas".

Mário Prata

segunda-feira, 22 de março de 2010

Songo e Eskimo misturado com cachaça, fica muito bom...



Têm momentos em nossa vida que a gente simplesmente se cansa. Cansa de procurar algo pra fazer, cansa de tentar agradar, cansa de se preocupar com os outros. Eu diria que são os momentos em que se busca ficar sozinho...

Pois bem, nesse domingão tinha algumas obrigações comigo mesma. Uma tentativa de comprometimento com o futuro. Bom, lá fui eu... A obrigação terminou cedo e engatei num almoço super relax com amigos de longa data.

É impressionante!!! Eu realmente estava sem direção, nowhere to go, nada pra fazer. E nessas horas tem sempre um amigo bacana que vem com um elemento surpresa. Nesse caso, uma amiga do peito: "Pri, vamos pro show do Songorocosongo hoje no Oi Futuro de Ipanema, te convido!". Eu tinha um pepino (diga-se, tradução) pra fazer de 30 páginas... Mas topei o desafio... Traduzi tudo com uma digitação frenética e consegui me preparar a tempo para show. Iupiii!!!

Na boa, a melhor coisa que fiz! Estava acostumada a escutar o Songo nos bloquinhos de carnaval de Santa e, acreditem, não é a mesma coisa! O ritmo é latino, com uma banda formada com sopros, guitarra, baixo, batera e dois percussionistas. Honestíssimo!!! Eles tocam salsa, cumbia, música psico-tropical (acho que foi assim que eles mencionaram, desculpa se errei). Enfim, uma verdadeira festa no teatro... Mas como boa diva, fiquei glamourizando e viajando no som da minha confortável cadeirinha. Não requebrei ao som latino, gente!

Adorei também ver que tinha um espírito rock'n roll no guitarrista e no baixista, que incrementaram e tornaram a mistura ainda mais excitante. Viva a mistura!!! E no final, pra fechar com chave de ouro, ninguém menos que Davi Moraes pra dar a palhinha derradeira. Além de gato (pronto, tietei legal...), ele fez um solo improvisado em uma das músicas do grupo, que remetia aos rifes de "Maracatu Atômico". Uau!!! Experiência única!!! Valeu de coração, Brunitcha!!

Bom, no intervalo da cerveja fim de de domingo me veio uma iluminação... Hoje tem Temporada Eskimó no Cinematéque. Estava ali do lado, pensei, fiquei tentada... E decidi como num impulso. Vou!! E fui mesmo... E não me arrependi. O show foi ótimo como sempre. Os meninos do Eskimó sempre num clima "tô em casa", deixando o público bem a vontade. Adoro isso! E fora que sempre trazem convidados para abrilhantar ainda mais o ambiente. Dessa vez foi o Bruno Gouveia, do Biquini Cavadão. Ele entrou de cara dando uma palhinha de "I want do break free", do Queen. Nossa, cantei fechando o olhinho (se é que vocês me entendem...). E o resto foi só alegria, porque o show terminou com a participação de Glauce Leandres, cantora convidada também, que soltou o gogó cantando "My Poker Face", da controversa Lady Gaga... Eu gosto dessa música mesmo. Pronto, falei! :)

E depois de toda essa experiência sonora fiquei pensando que quando engatamos, mesmo que por um breve momento, uma vibe "let it be", sempre nos surpreendemos positivamente com os futuros acontecimentos. Às vezes estamos de boa, devagar, e um convite diferente, surpresa, fora da rotina, nos impulsiona pra experiências novas e tão enriquecedoras... É uma sensação muito boa, de se permitir viver algo diferente e bom... E por isso digo que a palavra de ordem é: EXPERIMENTE!!!

Nessa onda do "experimente" me inspirei pra postar o vídeo de hoje. Perguntando pra minha prima-irmã Bine uma dica de música nova e com certa delicadeza nos vocais (porque realmente estava nessa energia), ela me indicou algo maravilhoso, a banda Black Dub. Escutei sem parar... E eis que no domingo retrasado, por uma dessas coincidências do destino, no mesmo evento do Temporada Eskimo, escutei eles, juntamente com a Glauce, fazendo um cover da canção mais bonita desta banda: "I believe in you".

Eu acredito em vocês e, claro, no bom gosto musical deste blogg... Então, deliciem-se!!!

domingo, 21 de março de 2010

cineminha com francisco ferdinando




Ai ai ai ui ui...
Escrever nesse queridíssimo blog, parceiro, é sempre um esforço. Muita coisa pra falar e muita dificuldade de selecionar a temática.

Pois bem, como estamos em pleno domingão, vale sempre a pena fazer um balanço do final de semana. E com isso descobri que estou a um passo de virar uma cult-bacaninha!!! Mentira, detesto rótulos! Mentira outra vez, porque às vezes rotulo mesmo!!! Again, foda-se. Ou como diria meu padrinho: "ESADOF". Fica meio francês, mais chique.

Entonces... Fui no show do Franz Ferdinand. Decidi durante a semana gastar meu suado dinheirinho, mas achei que valeu! Primeiro porque os caras são sinistros. Cheios de energia no palco. Nossa, eles fizeram uma performance - os quatro - com a bateria toda desmembrada, com um som super cheio de groove (dá uma olhadinha na foto. tentei registrar)... Demais!! E depois porque são excelentes músicos. Até porque escutar com clareza alguma banda na Fundição, não é pra qualquer um. Uma salva de palmas, gente!!!

Sábado resolvi ficar na concha, ou seja, tentar entrar em contato com o meu eu interior (que coisa mais brega!). Por isso passei no Parque Lage com uma amiga pra respirar um ar puro, admirar a beleza daquele mini-castelo e observar os peixinhos do aquário. É ou não é bucólico? Acho que todos deveriam fazer isso uma vez por mês, pelo menos. Recarrega, se é que vocês me entendem... Namastê!!

Depois disso, cineminha... E eu achando que o Franz tinha sido o ápice do final de semana, me enganei redondamente. Eu ouso dizer... Ouso, não, estou afirmando aqui com todas as letras: MELHOR FILME DO ANO! "O Segredo dos seus olhos" roubou mesmo a cena. Quando o filme terminou fiquei num estado de graça, uma coisa meio engraçada. Eu e minhas duas acompanhantes (tô podendo, né?) ficamos com algumas frases do filme na cabeça, uma coisa assim meio "O Poderoso Chefão" e "O vento levou", que marcaram a história do cinema com suas frases...

Uma delas foi: "No pienses más!". Outra foi: "Esa és mi vida, no es la tuya!". Brilhante!!! Não vou contar, porque perda a graça. Vá direto ao cinema e depois conversamos... hehehehe

Mas de verdade, fiquei mexida! Não porque a história do filme se pareça com a minha ou a sua realidade, mas é porque você sente que entre alguns personagens existe uma troca de sentimentos verdadeira, que vai além do tempo, que não se apaga... "As pessoas podem mudar, mas suas paixões não". Que bonito isso, de verdade!!! Assistam...

Bom, perceberam que estou sem inspiração... Mas, foi o que deu pra hoje, galerinha!!

Ah, só uma nota de rodapé... Descobri que o "un peut de tout" já possui quase 12 leitores fiéis. Gente, isso são quase quatro vezes o número de pessoas que leram a minha tese. De verdade, isso me emociona... Viva a internet! Viva a vida bloggística!! Como diria João Bosco com muita propriedade e humildade: "Obrigado, gente!!".

terça-feira, 16 de março de 2010

pensamentos sem título

Sempre tive vontade de ter um blog... Mas por algum motivo oculto nunca colocava pra frente...
Eis que chega o momento... E o que escrever?? Tem que ter temática, identidade??
E quando o bloggeiro (é assim que se escreve?) é simplesmente uma pessoa com muitos pensamentos aleatórios??
Enfim... Acabei deixando fluir e resolvi escrever tudo, HA! É isso mesmo... Toda iluminação que vier ao longo do dia, deixo registrada aqui... Fragmentos de tudo! Simples assim... :)

E como grande debut deste blog que se inicia, deixo um dos últimos pensamentos registrados em papel e caneta, que até então só estava pegando poeira pendurado na porta da minha geladeira...

Au revoir!!!

***

Quem sabe quem é a pessoa que te alucina?
Se não é mesmo você
Sempre buscando...
Sempre perguntando...

Vai na janela
Transita pela casa
Navegas tanto...
Achando que num dia de bruma virá o elemento surpresa

E nesse baile dos ventos se esquece
Arrefece antigos sonhos
Deixa escapar aquela antiga idéia
Aquele sonhado projeto

Mas num desafio de vai e volta
A moça transforma
Muda a noite para o dia
Lê e se dá ao direito de instantâneas de alegria

Se liberta aos poucos
Prova um pouco do gosto dos outros
Sente uma mão forte que a empurra
Sente mais uma vez que pode transpassar a bruma

Pode ser feliz sendo assim... LIVRE!!!

(pour moi)